Santa Luzia, Imagem de santo, provavelmente Séc. XVIII
Anexos
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Miniatura
Número de registro
141
Denominação
Título
Santa Luzia
Autoria
Resumo descritivo
Escultura de figura feminina representando Sta. Luzia, com cabelo castanho coberto por véu. Apresenta panejamento com pintura a pincel, punções e douramento em reserva. Aparentemente, os braços estão levemente levantados à frente, sob o manto da imagem. Seus antebraços dirigidos à frente têm as mãos em posição de segurar atributos. A mão direita soltou-se da peça.
Data de produção
Local de produção
Classificação
Material/técnica
Altura (cm)
27 cm
Lagura (cm)
13
Profundidade (cm)
7,5
Características estilísticas
A frente da escultura apresenta panejamento com dobras em diagonal, conferindo movimento à peça. A disposição é assimétrica e tende para a direta. As pregas são bem assinaladas; e a talha, bem definida. O cabelo é coberto com véu. A face tem olhos de vidro. O estofamento é marcado pela presença de douramento em reserva, punção e pintura a pincel. A face externa da escultura é pouco movimentada. Possui pregas suaves e levemente acentuadas. A disposição do manto é vertical e forma uma faixa convexa que desce da cabeça aos pés, deixando-os ocultos. O caimento do tecido na finalização das dobras, já na base, tem formato de “U.
Características técnicas
Escultura em madeira policromada.
Características iconográficas/ornamentais
Representação tradicional de Sta. Luzia. Conhecida também pelo nome de Lúcia, Sta. Luzia é considerada a protetora dos olhos, que, segundo o agastado lugar-comum, são a janela da alma. Luzia nasceu em 280 em Siracusa (Itália). Seu nome em Latim deriva de 'luz'. A bandeja com os olhos de Sta. Luzia representa sua fidelidade a Jesus Cristo. Luzia, a bela jovem, era pretendida por um nobre para fins casamenteiros, mas ela, que fizera voto de castidade, rechaçava as investidas do inconveniente pretendente, que, insistente, se dizia encantado pela beleza dos olhos dela. Com o recrudescimento do assédio, Luzia arrancou seus próprios olhos e os entregou ao insensato nobre numa bandeja, dizendo que a verdadeira beleza não se via com os olhos, mas, sim, com o coração. No que concerne às técnicas de ornamentação, a imagem apresenta na vestimenta punções em forma de círculos sobre douramentos em reserva em formato de florão. Também há punções no barrado de toda a vestimenta. No corpete, há pintura a pincel desenhada em rosas e folhas verdes sobre os douramentos em reserva no formato de florão. Há motivos fitomorfos azuis-claros seguidos do mesmo motivo na cor branca. Na saia, há pintura a pincel com motivos fitomorfos verde-escuros seguidos do mesmo motivo verde-claro. Há pintura a pincel contornando os douramentos em reserva e justapostos a eles. A pintura a pincel também está presente como motivos fitomorfos azuis sobre uma faixa dourada na cintura da imagem que desce numa forma angular como uma espécie de “corpete”. Essa técnica de ornamentação também está presente na altura dos seios da escultura. Nessa área, há desenhos de flores brancas e pinturas que nos lembram os guilhochês. Conforme Coelho (2005, p. 240), os guilhochês são compostos “[...] por linhas paralelas, retas ou curvas, que se cruzam ou se entrelaçam, formando losangos ou quadrados, portanto se incluem nos motivos geométricos”. No manto, há pintura a pincel como motivos fitomorfos marrons e brancos. A face interna dessa veste é amarela. A face externa é vermelha e tem pintura a pincel em tonalidades que variam do vermelho-escuro ao rosa e vice-versa. Nessa área, há douramento em reserva com presença de punções.
Marcas/Inscrições/Legendas
Legenda embaixo da base com a inscrição do número de registro da peça. Também consta uma etiqueta com a inscrição Mão e cálice.
Dados históricos
Origem e autoria desconhecidas. Provavelmente é uma imagem do século XVIII.
Referências bibliográficas/arquivísticas
COELHO, Beatriz. Materiais, Técnicas e Conservação. In:______. Devoção e Arte: imaginária religiosa em Minas Gerais. São Paulo: USP, 2005. p. 233-280.
|COLNAGO FILHO, Attilio. Mapeamento, catalogação e análise do estado de conservação do acervo do Museu de Arte Sacra do Espírito Santo. Relatório de pesquisa. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 1995, 42 f.
|______. Ambivalências do sagrado: o percurso dos objetos entre a devoção e a coleção. 2011. 200 f. Dissertação (Mestrado em Artes) — Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2011.
|ETZEL, Eduardo. Imagem sacra brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1979.
|MOREIRA, Fuviane Galdino. Análise tipológica dos estofamentos das esculturas policromadas do acervo de arte sacra do Museu Solar Monjardim. 2009. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de bacharel em Artes Plásticas) — Departamento de Artes Visuais, Centro de Artes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2009.
|______. Estudos sobre a talha: panejamento e cabelos da imaginária do acervo de arte sacra do Espírito Santo. 2012. 212 f. Dissertação (Mestrado em Artes) — Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2012.
|ROCHE, Daniel. História das coisas banais: nascimento do consumo nas sociedades tradicionais (séculos XVII–XIX). Lisboa: Teorema, D. L. 1998.
Projeto
Acervo do projeto de Atualização do Inventário do Acervo de Arte Sacra do Museu Solar Monjardim em Vitória no Espírito Santo.